25 novembro 2011

O corpo

Amabilidade se foi
A doçura se queimou
A fé jamais existiu
A dor somente aumentou
O amor se transformou
A alegria, por hora, descansou
O riso por enquanto sumiu
E a vida se desencantou
O sol ficou fosco
As nuvens passeiam por aí
Queria ter tantas coisas
E tudo que queria é não estar aqui
Filetes de sangue correm nas veias
Transpiram tanta emoção
Circulam pelo corpo inteiro
E jamais chegam ao coração.
Paixão, desilusão, decepção, mutilação
O corpo sempre em conflito
Guerreando com a mente, com a alma e a emoção
Ninguém comanda esse corpo
Que transita pela vida vazia
Tristemente se locomove sem rumo
Toda hora, todo dia
Não se sabe onde quer ir
Onde vai chegar
Apenas luta freneticamente
Para não se entregar, para se reerguer
E continuar a guerrear
Combate todo dia a si mesmo
E se derrota vivendo sem ganhar. 

15 novembro 2011

Amar, amar, amar

Mais um fim de tarde...
A companhia doce da solidão faz bem
Compactua com o silêncio que hoje faz minha alma
Toda a calma do mundo se instalou por aqui
Fundida a uma preguiça sonolenta
Aquecida por um cobertor gostoso que afaga o cansaço
A fome invade os pensamentos...
Fome de respostas, de soluções, de fins
Que saciem coisas que ficaram perdidas
Que ficaram soltas, que ficaram interminadas.
Fechando os olhos, se vê mais do que na luz dos olhos abertos
Porque se enxerga a alma
Que é dona de tudo, que anda de mãos dadas com a razão
Seguida pelas emoções do coração
Esse coração que não sabe muito ver
Que não sabe muito entender
Mas que sabe muito amar, muito se doar
A lógica da vida às vezes se surpreende
Por decisões tomadas, nem sempre acertadas
Onde o coração se impõe
Onde o amor se torna dom maior
E anestesia os sentidos do meramente aceitável
Para ficar sempre, apenas com o que se sente
E ele tantas vezes se engana, ou simplesmente se deixa enganar
Pois de tão carente, de tanto amar
Se permite viver nostalgicamente a perdoar
A se ferir, a se curar
E o que seria da vida se não fosse...
Amar, amar, amar?

04 novembro 2011

Fragmentos de Felicidade

Sorver alegrias como bebida
Embalar sonhos como se viessem todos para palma da mão
Sentir dor sem acreditar que ela te levará...
Às vezes é preciso mexer na ferida para curá-la,
Mas com habilidade para deixar a menor cicatriz possível.
Rolar sua ansiedade em meio às  realidades
Deixando tudo misturado
Para que não se saiba o que te incomoda
Sorrir às vezes ao máximo, mesmo quando o mínimo não é possível
Para despertar a força que você tem para arrancar de si mesmo
Uma felicidade que você pode inventar toda hora, a qualquer hora
Deixar o que passou para trás, para observar e lembrar às vezes...
Não deixar no esquecimento, mas como algo que você viveu
Que está lá em sua vida, impresso, para você lembrar
Para que possa sempre que desejar, repetir ou evitar
Olhar sempre para frente...
É lá que as coisas estão acontecendo
E você pode moldá-las para alcançá-las
Exatamente como as quer
Porém cuidado com o passado, não olhe tanto para ele
Pois ele te distrai e pode te levar ao chão
Numa distração você tropeça
E deixa de viver coisas que estão no seu lado
Coisas que estão ali na frente
Aguardando sua chegada,
Enquanto você está parado no meio do caminho.
Decida e torne real, deseje e transforme
Sonhe e realize, almeje e tenha
E se permita ser feliz
Pelo menos nos momentos em que isso seja possível
Esses fragmentos de felicidade estão espalhados pelo Universo
Basta cada um procurar de maneira certa
E colher sua cota com sabedoria.

01 novembro 2011

Abraço

E toda minha urgência consiste em fechar os olhos...
Terminar com tudo e findar o dia,
Com a suave sensação que o abraço foi real
Que embutiu-me o corpo com as mãos
Que envolveu-me com os braços
Que dispensou-me ondas de carinho
Que era tão somente real!
E toda a urgência consiste em misturar a realidade
Com os sonhos que vem mansos
Na noite que apodera-se de minha mente
Que cerra meus olhos,
Que sequestra minha razão
E apresso-me a sonhar com meus desejos
Misturando imagens, paixões e confusos fragmentos
E um abraço calaria qualquer urgência...
Todo ele seria feliz recompensa!
Amor, paz, descanso
Bons sonhos, sonhos bons
E nenhum pesadelo
Ao acordar de meu repouso
Despertar de meu sonho e acenar saudosa
Para a lembrança do que passou e não volta jamais
Desejos, lembranças...
Saudade!