In Sono

Me agarro a tudo e tudo foge
Estou indo para o lado oposto
Enquanto todos vão, eu volto
Sinto medo, me agarro
Pessoas me observam
Penso em pedir socorro
Mas como explicar?
O que é essa explosão?
Essa guerra de neurônios
De pensamentos delirantes
Esse suor frio
Que fica retido na alma
Esse corpo amortecido
Essa mente adormecida...
Me perdi de mim mesma
De um lado a alma
Numa fuga, o corpo
E já não estou em mim,
E perdida me encontrei

31 horas

Um misto de cores, todas elas adiconadas umas as outras, num outro tom, numa nova escala, numa nova dimensão.
Flutuam as imagens, as pessoas...
Pairo sobre elas, misturo sonho e realidade.
Tudo se funde num devaneio uivante do galope acelerado da vida.
E eu estou indo... mas meu corpo escapou da minha alma!
Estão separados, sobrepostos, perdidos um do outro.
E durmo de olhos abertos, num corpo esgotado com uma alma que não para de viver, nem quando precisa descansar!
31 horas sem dormir...
Mundo paralelo, imagens em 3 D
Mãos tocando tudo à distância.
Ok, preciso dormir!

Únicos

Liberdade,
Limites quebrados
Regras vencidas
Leis derrubadas
Um não se prender a nada
O não se reger por ninguém
O não ser dominado
Não ser dirigido
Andar pelo próprio caminho
Construindo cada passo
Movendo cada fragmento
Criando cada pedaço
Ser único
Inimitável, inigualável
Autêntico, raro
Nem melhor, nem pior
Apenas ser
Ser o certo, ser o errado
Riscos da vida
Acertar errando
Errando no acerto
Distânciando o óbvio
Sendo a novidade
E livre...
Sempre livre
Sempre leve
Apenas eu,
Apenas você
E incrivelmente,
Apenas nós,
Para sempre nós!

Ampulheta

Bom dia vida,
Acordei já de olhos abertos
Desperta de sonhos ou pesadelos
Consciente das verdades do mundo
Tão envolta em matéria
Que todo o pensamento era paupável
Toda a verdade absoluta
Todo o mistério uma resposta
O meu corpo estava nu de anseios
De padrões ou necessidades
Minha voz já não exalava palavras
Era tão somente uma vontade
Que se calou no absoluto silêncio
Que consentiu em transmitir pensamentos
E voavam como nuvens ao vento
Se transportando para longe
Vigiando os campos
E ultrapassando quaisquer limites
E a alma corria livre
Pela liberdade de um mundo sem fronteiras
E era um misto de tudo
E tudo era apenas uma palavra
Que jamais fez tanto sentido
Num misto de fragilidade e força
E era eu o tempo todo
Era amor e alegria
Era dor e melancolia
Era apenas uma hora de um dia
E tudo se resumiu a um segundo
E ele se esvaiu como areia
Ampulheta... escorreu-se o tempo
E ele foi, jamais voltará
E o passado pleno, se misturou ao Saara
De horas e mais horas que jamais voltarão
O que vejo é à frente
E caminho suave
Com os olhos vendados
Sem saber para onde ir
Apenas com a promessa que irei chegar!