18 outubro 2008

Olhos Vazios

Profundo vazio preenche lacunas em um branco pálido que emana de seus olhos, revelando toda a desesperança de um guerreiro abatido nas entrelinhas do cotidiano em que se deixou sufocar pela derrota de um sonho estilhaçado que foi ao chão.
Fracasso árduo que paralisou os menores e melhores sonhos e fez os grandes nunca mais existirem.
Às vezes perdido a vagar por paredes, geralmente rente ao chão, parece até que esses olhos tão vazios vão se encher tão somente de lágrimas, quando o que procuram na imensidão do nada, é apenas alguma explicação que lhe redima de tantas culpas a se infiltrarem nas entranhas de sua alma.
Esses olhos, mesmo quando tentam celebrar um sorriso, nesse mesmo rosto que os abrigam, timidamente sucumbem ao carregado cansaço que se abateu pela frágil vida. A vida que recebeu e parece ser ignorada em dias que corroem sua estranha existência, que se transformou em uma pesada pena a ser cumprida perpetuamente, fazendo todos os dias iguais, um fardo a ser carregado.
Quantas coisas deixadas para trás por esses olhos que preferem ignorar sonhos, esperança e a vida que das melhores maneiras esteve esperando para levá-los a caminhos jamais percorridos pelo medo e pela decisão de viver apenas observando a paisagem sem jamais ter a coragem de tocá-la ou experimentá-la.

As Paredes

As paredes contam histórias pra distrair minha solidão.
Falam de suas memórias que viveram bem rentes ao chão.
Falam de cortinas balançando, abafando histórias de paixão
Contam sobre o silêncio e das penitências pagas em oração
Contam dos risos histéricos, provocados por alucinação
Falam de dois amantes, de beijos suados de luxúria e sedução
De amores passados na cama, que morreram por desilusão
Me dizem que são quatro, irmãs siamesas que temem demolição
Que não gostam de reformas, mas que têm esperança de ganhar nova decoração
Castigadas se feriram para abrigar quadros, com marteladas sem reclamação
Me distraem velando meu sono, vigiando minha respiração
São cúmplices do meu cansaço, me olhando deitada no chão
Amanhã contarão outra história, pra quem ouvir com maior atenção
Paredes são testemunhas esperando para fazer a grande revelação.

Fazer o que?

Eu não sei onde estou nem sei se aqui é meu lugar.
Não sei pra onde vou nem sei onde deveria estar.
Se estou aqui fazer o que?
É melhor me contentar e começar a viver.
Se hoje não deu baby fazer o que...
Ainda tem amanhã pra gente tentar aprender.
Um universo de descobertas para explorar
Tem coisa que nem me passa pela cabeça, mas amanhã pode rolar
Se hoje mesmo chorei lembro que ontem foi bem legal
Amanhã tudo pode estar certo não há como tudo ser mal.

Fazer o que?
Esperar e viver!
Cada dia e cada segundo pra aprender
Tudo está bem ou tudo está mal
O que importa é que não vou ter outro dia igual.

Os meus olhos já vêem um dia melhor
Fazer o que baby, temos que derramar o suor
Ganhar o pão todo o dia mutilando os ossos
Descansa o corpo na noite e você aqui
É muito bom ser assim, ter você pra mim.
Nem que o dia massacre
A noite vem pra me pagar
Nada é fácil confesso, nem sei no que vai dar...

Fazer o que?
Esperar e viver!
Cada dia e cada segundo pra aprender
Tudo está bem ou tudo está mal
O que importa é que não vou ter outro dia igual.