16 agosto 2006

Indo pra Lugar Nenhum

Indo pra lugar nenhum
Angústia, aflição
Experimento o medo
Da prisão que pode me libertar
De um mal que não existe
Da liberdade falsa do corpo
Que na verdade a alma sofre
Cortes profundos que dóem
Não são sofridos pela dor física
O físico e o espírito estão em conflito
Um quer voar e o outro perecer
Um quer sonhar ou outro esquecer
Compensações químicas necessárias
Farão tratar milhares de neurônios
E um cérebro um pouco doente
E a alma?
Quem poderá curá-la?

13 agosto 2006

Dia dos Pais

Tem pai jovem, Pai velho
Pai que não conhece o filho
Filho que não conhece o Pai
Pai solteiro, Pai casado, Pai separado
Pai presente, Pai ausente
Pai querendo estar com os filhos todos os dias
Pai evitando os filhos todos os dias
Pai que lembra do filho dando os primeiros passos
Pai que lembra dos filhos só na hora da pensão
Pai rico, Pai pobre
Pai que escolhe ser Pai
Pai que é escolhido pra ser Pai pelo acaso
Pai que ama, Pai que reclama
Pai que faz de tudo
Pai que não faz nada
Pai que luta pra poder ver o filho
Pai que luta pra esquecer que é Pai
Pai bicho grilo
Pai rock'n'roll
Pai style
Pai quadrado
Pai normal
Pai realizado, Pai pleno
Pai frustrado, Pai pela metade
Pai que queria ser Pai 1000 vezes
Pai que quis ser Pai uma vez só
Pai que não quis ser Pai
Pai que é mãe, mãe que é Pai
Mas todos, do melhor ao pior
Tem seu dia comemorado
E Pai podem ser muitos
Do DNA comprovado ao afeto conquistado
E todos eles merecem pelo menos no dia de hoje
Ser Pais plenos, lembrar de seus filhos
E se conscientizarem que cumpriram sua missão.
Feliz dia dos pais!

12 agosto 2006

Reflexões

Na etílica bebida entorpecente
E na companhia da nicotina
Uma cortina de fumaça me separa do real e do sonho
E uma sensação de leveza difere meu corpo de sóbrio e de louco
Experimento sensações cinematográficas
E o filme de minha própria vida passa, acelerado
Partes boas, partes ruins
E paro em algumas cenas
Reverto-as, coloco-as no meu ponto de vista atual
Como teria sido? O que poderia ser mudado?
Questionamentos me dominam, repartindo espaço
Com culpa, com dor, tristeza, saudade
Principalmente saudade
Daquilo que foi perdido e não pode jamais ser reencontrado
A felicidade de algumas cenas é falsa
Faz parte apenas de um estágio cerebral de aceitação
Quando as coisas são convenientes
E tudo parece perfeito
Mas num mundo de mentiras, não há espaço para a perfeição
A perfeição é uma palavra linda do dicionário,
Traduzida em dezenas de línguas
Compreendida por muitos, conhecida por ninguém
Alguma coisa imposta como tudo na vida
Cobrada por tudo e por todos
E tudo e todos nem sequer a viram em algum lugar, em algum dia.
Palavras deveriam ser indivíduos, pessoas
Tomarem forma física para serem compreendidas
A mentira seria feia, seu rosto seria tomado por marcas
Como se tivesse apanhado, tivesse sido açoitada.
A tristeza deveria ter olheiras profundas
A alegria, uma pele clara e um sorriso vermelho
A dor deveria ser curvada,
A felicidade deveria ser um grupo de crianças descalças
A morte deveria ser meio espírito, meio gente
E nós poderíamos identificar tudo mais facilmente
E entender o que seria verdade ou não.
Mas a cara da verdade... essa não consigo imaginar,
Uma coisa meio vaga na minha cabeça, um olhar sério e tranquilo
Um corpo forte, um rosto muito limpo
Mas são apenas fantasmas que adoraria ter ao meu lado
E tornar tudo o que gostaria de saber simplesmente real.