Não sei escrever feliz...

Não sei escrever feliz
Não sei mais ouvir o que você me diz
Do passado trago apenas uma lição
Só vive feliz quem não se leva pelo coração
Do hoje eu tenho saudade
Essa felicidade tão presente
Espero que jamais se ausente
Não sei escrever feliz
Porque não necessito contar para ninguém
Pois basta me ver sorrir o tempo inteiro
Para saber-se que esse momento é verdadeiro
Não sei escrever feliz,
Porém atrevo-me a tentar
As últimas palavras que escrevo
São apenas para tentar te alegrar
Empresto-me minha felicidade inteira
Por ter certeza que ela nunca mais vai me faltar

Para Frente

Sorrio, brilho em minha própria luz
Para trás só restaram sombras
Que já não cegam o caminho
Para frente existe o novo
A descoberta, a alegria
E persigo este novo caminho
Que me conduz a lugares
Onde exatamente quero estar
Sem vozes me ditando atalhos errados
Sem vendas nos olhos
Sem a cegueira das paixões
E vou adiante
Com a paz que trilhei
Com a felicidade que construí
E com a certeza que está tudo certo.

A cura

Liberdade, lhe prendi em minhas mãos
E agora és prisioneira de minha felicidade
E ela se alimentará de você todos os dias
Devolvendo ao rosto sorrisos
Que já me eram então tão escassos...
Felicidade, te mereci
Esqueci de ti tentando dar a outra pessoa
O que pertencia apenas a mim...
Sombras ainda rondam
Tentando trazer uma certa escuridão
Mas o sol que possuo hoje
Não permite que o mal se aproxime
E brilho no seu esplendor
E ele me ilumina e me aquece
E tudo mais virou lembrança
Cicatrizes já curadas
De um mal que me acometeu,
Me roubou a vida
E resisti, e sobrevivi...
E a vida que um dia doei
Morre hoje em outro!!!

Primitivo

Sem palavras, vocabulário, expressão
Se derrama toda a animalidade humana
Livre da ditadura da sociedade
De preconceitos e regras instituídas
De boas maneiras aprendidas
E essa animalidade primitiva
Explode na fome, na dor
Na miséria, no dissabor
Na necessidade, no pavor
E ainda mais forte
Na disputa pelo poder
E tirana, dita sem nenhum sentido
O início das guerras
O final das eras
O fim do mundo!
Primitiva fome de poder
Dedicada sede que se tem
Que fomenta no homem
A doce vontade de matar
E o sonho de jamais morrer
Ironicamente acreditando
Que se tem, o que jamais irá se ter!

Anjos

Anjos me visitaram
Afagaram meu rosto
Tocaram meus pés
Abraçaram minha alma

Fizeram preces sobre mim
Abençoaram meu corpo
Velaram meu sono
Santificaram meu ser

Senti suas santas mãos
Retirando toda a dor
Inspirando meu coração
Com o mais profundo amor

E meu despertar foi doce
Meu dia repleto de alegria
E meu coração se aquietou
Pleno de amor, nessa tarde fria

Sorrio confiante
Sabendo que seguirei adiante
Com bençãos dos meus anjos
Que hoje me tornaram mais confiante

Corpos

Se encontram se ollham se reconhecem
Se unem se amam se esquecem
Se precisam se chamam se aquecem
Se odeiam se atraem se despem
Se veneram e enlouquecem
Se reencontram se merecem
Se enganam se entorpecem
Se entrelaçam e adormecem
Se visitam por anos e envelhecem

Oração

Que eu possa ser...

Fonte incessante de luz
Estrada segura
Mão que ampara
Ouvidos para o lamento
Voz que acalma
Esperança no desespero
Consolo na aflição
Alívio para dor
Cura para o mal
Água para a sede
Alimento para a fome
Doce para o fel
Brisa que refresca
Chama que aquece
Lucidez no caos
Estrela para o céu
O amor para o coração
E que todos que venham a mim
Bebam da minha força
Para que nenhum mal se abata sobre eles
Amém!

Lista

Você deve:

Exportar coisas ruins para além das fronteiras
Jogar no espaço, no infinito o que incomoda
Atirar com metralhadoras de palavras contra bocas malditas
Acenar para o que ficou para trás olhando para frente
Caminhar entre espinhos com os pés calçados
Chorar o que se tem dentro até derramar
Não conter a alegria jamais e até inventá-la quando faltar
Viver por si e só
Ser quem você é
Não aceitar injustiças
Perdoar seus erros
Perdoar os outros se merecerem perdão (raro)
Não ter medo de ser ridículo porque você acaba sempre sendo
Não ceder ao egoísmo natural da alma
Ser racional e renunciar ao seu lado animal
Não ter medo de errar e aceitar que a perfeição não existe
Inventar a novidade que pode ser você
E ser você todo dia, todo minuto
E entender que só você se faz feliz
E que os outros são consequência do que você é
E apenas complementam a felicidade que você criou
E dividirá com eles!

Perguntas

Onde fica o ponto final
A próxima estação
O encontro casual
O estampido da explosão?

Qual é o segredo dos militares
Da estratégia da guerrilha
Das cores dos mares
Da brisa de uma manhã fria?

O que sente quem tem ódio
Qual é o sentido da paixão
O que alimenta sonhos
O que leva o homem ao chão?

Que milagres santos operam
Que ilusões se vendem na TV
Que primavera não tem flores
O que ninguém vê?

Por que o imã atrai
Por que o fogo queima
Por que a água molha
Por que o coração teima?

Caminhamos para onde?
Onde chegaremos?
Perguntas que ninguém responde
Ainda que muito perguntemos...

O infinito é tão bonito
Mas ninguém pode tocar
É como sonhar sem realizar
E viver sem se questionar

Presídio

Portas fechadas, nenhum sol
Aqui escuridão se confunde com solidão
Algemas calam a liberdade
E nada remete docilidade

Os pensamentos passeiam livres
Ultrapassam os muros
Da ilusão nascem sonhos
Mas a realidade se impõe

Meu peito se aflige
As horas não passam
Os dias são meus fardos
E o amanhã se transforma em dor

Conheço meu crime
Espero a condenação
Mas nenhuma dor exprime
O que vai em meu coração

Dias de vazio imenso
Cabeça contemplando o nada
Mas a liberdade há de chegar
E minha vida resgatar

Quero tocar o sol lá fora
Ser como outrora
Viver fora desse tormento
E pedir a Deus apenas "perdão e esquecimento"

Reflexo

Minha alma se reflete no brilho do seu olhar, quando o amor é transformado no espelho de nossa felicidade.

Alem de Tudo

O chão não é meu
Se perdeu
Não o toco
Não o caio
Não o vejo
Não o tenho
Pairo no ar
Bailo no vento
Voo como rebento
Em busca de luz
Estou acima
Tudo vejo
Nada toco
Nada sou
Atravesso paredes
Admiro lares
Ouço ruídos
Nada falo
Nada sei
Tudo sonho
Decolo
Visito a atmosfera
Vejo apenas o azul
Meu corpo não está em mim
Estou no nu
De desapego
De inexistência
De impaciência
E sorrio
E canto
E o som se propaga
E todos ouvem
E cantam comigo
E o jardim é verde
E as crianças brincam
E não sou parte da paisagem
Apenas estou
Alem de tudo!

Vento

Esse vento que sopra
Inunda de calma
Varre o corpo
Inspira a alma

Esse ar que circula
Enche o pulmão
Corre pelo corpo
Faz bater o coração

Essa ventania
Faz correr folhas no chão
Percorre todo dia
Sua breve imensidão

A cidade faz-se fria
Se refresca com o vento
Se perde no tempo
Sem ver sua magia

Seja brisa seja vento
Vendaval ou ventania
Te abraçam todo dia
Esses ares esses ventos
E a seu melodia

Arde meu Coração

Arde meu coração
Como ferida aberta
Pela incerteza desperta
Sobre minha doce paixão

Dói minha alma solitária
Sem saber onde ficar...
Se deixa o amor vir
Ou se deixa passar

Mágoas dançam na mente
E não conseguem calar
Outras coisas passaram
Porque essas teimam em ficar?

Amanhã é outro dia
Será que se pode sonhar
Ao meu coração só sugiro
Não se deixe enganar

Dicionário

Frenético ostracismo, num dialético espezinhamento, contudo, contente.
Enxovalhando o pérfido espectro e sua eiva, me torno sáxeo coração e os sentimentos são saraivadas frias.
Prossigo acenando para toda pieguice, em adeus e apenas adejo, isenta de censura e só.

Apenas falando...

Quero falar sobre a raiva
Sobre ranger os dentes
Sobre o peso nas mentes
Sobre as explosões de ira
Sobre descontrole frágil
Sobre trágicos finais
Sobre traição e vício
E tudo mais que seja difícil.
Quero falar coisas sem nexo
Sobre dor e saudade
Alegria e crueldade
Sobre coisas que se constroem
E que desabam em poeira no chão.
Quero falar sobre maldade
Sobre engano e falsidade
Sobre a inocência do amor
Sobre sonho e dor
Confusão e dissabor.
Quero falar de lamentos
De fins e recomeços
Do que pensava ser apreço
E do que hoje vejo e não reconheço.
Quero achar explicação
Mas não me recordo da razão
No coração não há espaço pra perdão.
Quero falar da alegria
Sem parecer ousar ironia
De dias novos, de sonhos compráveis
E de amores que jamais serão duráveis
Quero pular e cair no céu
Sem tocar ou pisar no chão.
Explicar que paixão é uma via de uma só mão
Que colide sonho e ilusão.
Quero falar de perda de tempo
De anos perdidos, de amores fingidos
Cabelos tingidos e mentiras contadas ao ouvido.
Quero explicar o que é sentimento
Tudo o que vai aqui dentro
Mas pode ser perda de tempo
Vou apenas contar ao vento
Que ele leve para longe tudo que me faz mal
E eleja a verdade, mate a mentira
E eternize apenas o que é real, num imenso vendaval.

O agora

Minha vida toda é o agora
Um minuto, um segundo
Tento manter as coisas
E tudo escapa porque nada me pertence
Nem eu mesma pertenço a mim
Fiz tudo errado e deu tudo certo
E quando tudo parecia certo, é que tudo estava errado
Meus olhos enxergam apenas o que me convém
E o que não quero ver, são coisas que sempre aparecem diante de mim.
Tentei desviar e passar por cima de coisas em que não acreditava
E passei a acreditar em mentiras
Simplesmente para não perceber minhas frustrações
E assim mais um ano se vai
E no fim dele aprendi a viver de ponta cabeça
E meu mundo triste se transformou em um mundo alegre
Quando passei a não esperar nada do amor,
Ele cresceu cada vez mais em mim
E quando eu deixei ele livre
Entendi que longe de mim ele me pertence ainda mais
E não é necessário tocá-lo,
Apenas saber que posso contar com ele
Quando resolvi esquecer meus desejos
Percebi que eles já foram atendidos
Quis ser mãe e adotei a filha que ganhei de Deus
Quis não ser vista por ninguém
E acabaram todos me notando
Porque não importa rosto, corpo
Apenas meu coração que tomou conta de mim
Porque minha alma está leve
E toda a raiva que eu carregava
Se desintegrou e se transformou em milhares de partículas
De vontade de viver, de fazer o bem, de ajudar, de sorrir, de orar
De agradecer e de pedir desculpas
Fazer o que é certo e corrigir o que está errado
Finalmente renasci e ainda não sei bem quem eu sou
Mas tenho certeza que estou melhor
Comigo mesma e com o mundo que me cerca