12 agosto 2006

Reflexões

Na etílica bebida entorpecente
E na companhia da nicotina
Uma cortina de fumaça me separa do real e do sonho
E uma sensação de leveza difere meu corpo de sóbrio e de louco
Experimento sensações cinematográficas
E o filme de minha própria vida passa, acelerado
Partes boas, partes ruins
E paro em algumas cenas
Reverto-as, coloco-as no meu ponto de vista atual
Como teria sido? O que poderia ser mudado?
Questionamentos me dominam, repartindo espaço
Com culpa, com dor, tristeza, saudade
Principalmente saudade
Daquilo que foi perdido e não pode jamais ser reencontrado
A felicidade de algumas cenas é falsa
Faz parte apenas de um estágio cerebral de aceitação
Quando as coisas são convenientes
E tudo parece perfeito
Mas num mundo de mentiras, não há espaço para a perfeição
A perfeição é uma palavra linda do dicionário,
Traduzida em dezenas de línguas
Compreendida por muitos, conhecida por ninguém
Alguma coisa imposta como tudo na vida
Cobrada por tudo e por todos
E tudo e todos nem sequer a viram em algum lugar, em algum dia.
Palavras deveriam ser indivíduos, pessoas
Tomarem forma física para serem compreendidas
A mentira seria feia, seu rosto seria tomado por marcas
Como se tivesse apanhado, tivesse sido açoitada.
A tristeza deveria ter olheiras profundas
A alegria, uma pele clara e um sorriso vermelho
A dor deveria ser curvada,
A felicidade deveria ser um grupo de crianças descalças
A morte deveria ser meio espírito, meio gente
E nós poderíamos identificar tudo mais facilmente
E entender o que seria verdade ou não.
Mas a cara da verdade... essa não consigo imaginar,
Uma coisa meio vaga na minha cabeça, um olhar sério e tranquilo
Um corpo forte, um rosto muito limpo
Mas são apenas fantasmas que adoraria ter ao meu lado
E tornar tudo o que gostaria de saber simplesmente real.

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